Ele é o comandante

 “Você nunca encontrará a pessoa certa se não souber deixar a pessoa errada ir embora.”

Um dia, quando li esta frase deparei-me com a dura realidade a que me tinha autossubmetido. Já não era mais eu. Era “eu sem ti”. Doeu perceber que tinha de te deixar ir para me ter a mim. Porque me tinha perdido, efetivamente. Via-te espelhado em cada pessoa que conhecia e tentava decifrar nela todos os pedaços de ti e todos os teus defeitos. Não queria cometer o mesmo erro. Foi dura a realidade quando percebi que o maior defeito estava em mim: continuava à espera daquilo a que não me dava oportunidade de ter. Pensei que ia ficar assim durante muito tempo. Mas resolvi aceitar quando o conheci. Conhecer no seu significado de dicionário “saber quem alguém é” e não “ter noção de existir alguém”. Eu conhecia-o da segunda forma, mas não da primeira. Não tinha qualquer tipo de conexão com ele, nem sequer mesmo uma ínfima amizade. Mas ele surgiu, do nada, de calça perfeitamente desenhada para ele, de camisa ligeiramente aberta e lindo como mais ninguém estava naquela noite. Mal nos tocamos, eu soube. Era ele. Era ele que me fazia acordar naquele preciso momento para a estupidez que andava a fazer a mim própria. O mundo não acabou em ti. O mundo começou nele. Julguei-te sempre como aquele que jamais abandonaria o nosso barco, mas foste o primeiro de nós a fazê-lo. Achei sempre que eu ia ser o elo fraco e seria a primeira a saltar borda fora. Mas estava errada. E agora também posso estar. Pode ser ele o primeiro a saltar borda fora e eu não estar à espera desse momento. Mas estou mais do que preparada se isso acontecer, porque já levei uma grande lição de ti. E não há barcos que aguentem demasiado peso e, por isso, construi um novo, para aguentar um pouco mais do aquele que abandonaste. O objetivo? Durar enquanto puder, ser feliz enquanto der. Não tenho a mínima intenção de te voltar a deixar subir a um barco onde eu esteja, porque, um dia, ainda hás de saber a sensação de te sentires a afogar. E até podes achar que sou uma idiota tapada e que vou voltar a sofrer o mesmo, mas o meu coração fala diferente desta vez e os meus olhos veem uma boia de salva-vidas. Há sempre alguém para nos salvar da nossa dor e de nós mesmos. Há sempre alguém que vai lá estar. Neste momento, embriagada pela felicidade, não consigo visualizar quem lá vem na boia, mas sei que estará aqui, sempre. Seja ele quem for. De calça justa, camisa apertada ou não, de calções, de sapatos ou descalço, há de sempre haver alguém. E tu já não fazes parte da tripulação. E neste momento? Ele é o comandante.

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