Tantas, imagino.

Há certas coisas que não somos capazes de controlar. Mas o mundo à nossa volta pensa que sim. Nem sempre tomamos as decisões certas, é verdade. Mas isso não faz com que sejamos outras pessoas. Erramos. Quem não? E nem sempre queremos o que é melhor para nós. Muitas vezes, nem sabemos. No entanto, continuamos. E, algumas vezes, criamos ilusões para nós próprios. Coisas que não existem. Que nunca vão existir. Mas devemos parar? Não. Não acho que é necessário parar de sonhar com aquilo que achamos ser fantástico para a nossa vida. Temos é de ter limites. Cuidado com as ilusões, digo. Elas podem ser traiçoeiras e magoar-nos quando menos esperamos. Mas não nos impedem de querer mais, de imaginar mais. E isso é fantástico. O que é que o ser humano tem de diferente dos animais? A racionalidade. E se ela existe, vamos usá-la, desde que tiremos o proveito correto dela. Nem sempre estamos atentos às pistas que o mundo nos dá, é verdade. Quantas vezes deixaste de sair à noite porque não te apetecia e se calhar perdeste a melhor noite da tua vida? Quantas vezes dormiste até mais tarde e se calhar até tinhas alguém à tua espera para te surpreender? Quantas vezes disseste que não a quem, se calhar, merecia um sim? Quantas pessoas negaste na tua vida que, se calhar, te iam preencher mais do que qualquer outra? Quantas vezes negaste a entrada do amor porque ainda sofrias por quem te magoou? Quantas vezes achaste que ias ficar sozinha quando, se calhar, a pessoa que vai passar o resto da vida contigo está ao teu lado? Quantas vezes achaste que já não havia volta a dar e, por isso, desististe, perdendo a melhor aventura da tua vida? Quantas vezes tiveste medo de arriscar porque no passado correu mal? Quantas vezes tiveste medo de tentar porque falhaste no passado? Tantas, imagino. Aliás, também me aconteceu. Acontece permanentemente. Mas é certo paramos de tentar? É certo deixarmos que as nossas ilusões morram por aqui? É certo deixarmos que as coisas que gostaríamos de ter nos fujam entre os dedos? Não será correto pensarmos duas vezes? Ou, se calhar, pensarmos uma só vez? A vida está à nossa frente e, por mais que não seja a nossa vontade, tem coisas preparadas para nós, que não vamos ser capazes de controlar. E se isto faz de nós uns tontos que tentam coisas impensáveis, que seja! Mas eu ainda acredito que o melhor está sempre por vir. O melhor de agora não é suficiente. Porque somos assim: queremos sempre mais. E ainda bem. E tu? De que esperas para arriscar?


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