Vamos saber que valeu a pena.

Há certas coisas que não se conseguem explicar e esta é uma delas. Estou a chegar ao fim. Ainda me lembro de no nono ano querer desistir da escola. Coitada da minha mãe, fiz-lhe a vida num inferno naquele verão. Desculpa, mãe. E, depois, claro, tentei ficar apenas pelo secundário. Mas como sou inconstante, a minha mãe já sabia que ia viver outro inferno. E assim foi. Decidi entrar para a universidade quase à última da hora e tentei o suposto curso dos meus sonhos. Estava tão enganada. De todas as formas, quem é que com 18 anos sabe o que quer fazer para a vida toda? Muitos poucos. E eu era parte daqueles que achavam que sabiam o que queriam. Mas não sabia. Hoje olho para trás e sei que magoei imensa gente com as escolhas que fiz e decisões que tomei. Sei que fiz coisas das quais não me orgulho. E tudo para entrar num curso que não era o que queria da vida. Hoje sei disso. Mas, na altura, era ingénua. E, como tal, sofri imenso, chorei durante dias, tentei segundas fases, até acabar por desistir. E ainda bem que o fiz. O que seria de mim hoje se tivesse realmente entrado em Ciências da Comunicação? Não sei. Mas ainda bem que entrei em Sociologia. Hoje, é o curso que carrego no coração e que levo para a vida toda. E as coisas mudam tanto, que até a pós-graduação eu dizia que ia fazer naquele curso, mas irei fazer neste. Porque foi aqui que cresci e aprendi. Foi aqui que me tornei naquilo que sou hoje. E sinto que ainda não sei tudo. E quero mais. Hoje quero mais Sociologia. Quero ser a futura socióloga de que o mundo está à espera. A futura socióloga que a minha vida escolheu tornar-me. Hoje choro pelos colegas e amigos que deixo para trás. Hoje choro de alegria por ter chegado até aqui depois de tantos obstáculos. Caramba, cheguei aqui. E sabe tão bem ser finalista. Sabe tão bem chegar ao fim de três anos e sentir que valeu a pena. Sabe tão bem levar amigos para a vida toda. E ter experiências que nos marcam, positiva ou negativamente. Conhecer pessoas que nada têm a ver com os teus valores, crenças e atitudes. Conhecer pessoas tão diferentes de ti. E viver cada momento sabendo que é dos últimos da licenciatura, porque se vivem intensamente. São relatórios, estágios, unidades curriculares, o que seja, mas vive-se de forma tão intensa que nos transforma, que nos atrapalha, que nos move, que nos formata, que nos altera a vida toda. São pequenas coisas que se tornam gigantes, sabendo que estamos no fim. Mas vale tanto a pena. Todas as vezes em que quis desistir porque a estatística era difícil; porque o Mestrado não era coisa para mim; porque não gostava do professor x e y. Tantas vezes, mas ainda bem que nunca aconteceu. Porque sabe tão bem ser feliz. E neste momento estou a sê-lo. E que bom. Com tudo isto, o que quero dizer é que não podemos ter medo de arriscar; de ir além daquilo que sabemos e queremos. Muitas vezes, estamos cegos e não vemos as oportunidades que o mundo nos traz. Mas temos de arriscar. E, no fim, vamos saber que valeu a pena. Porque vale mesmo. Então, arrisca, tenta, vai mais além, mesmo que não queiras isso agora. E vais ter um futuro incrível à tua frente.



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