E sei que esse alguém vai chegar
Às vezes, questiono-me sobre o porquê de pensar em inglês, quando sou portuguesa. Acho que a resposta seria porque se torna menos complicado pensar nas coisas que são difíceis de entender. Torna-se mais fácil expressar o que sinto se o fizer em inglês. Mas tudo porquê? Porque me sinto estranha. Porque não entendo. Passa tanta coisa na minha cabeça ao mesmo tempo que me perco. Perco-me daquilo que nem sei o que é. Porra! Onde me fui meter? O que é isto que viaja na minha cabeça todos os dias? E porque viaja? O que é isto que sinto? Porque acho que estou cada vez mais diferente? Porque me sinto outra? Porque há mudança. Porque eu sinto-a. Porque eu a quis. Porque a deixei surgir. Porque precisava dela. E como me sinto tão bem assim. Quando estou quieta, em silêncio, correm mil e uma palavras na minha cabeça. Tanta coisa para dizer. Tanta coisa para esconder. Tanta dor. Tanta mágoa. Tanta alegria. Tantos arrepios. Tantas dúvidas. Tanta incerteza. Tanta desconfiança. Tanta, tanta coisa. E porquê? Não sei. E porra, se não mudei. Mudei tanto. Esqueci-me de ti. Perdoei-me. Segui em frente. Estudei. Alcancei. Lutei. Venci. Resisti. Mas aprendi a amar novamente. Aprendi a amar a vida. Aprendi a amar-me. Aprendi a amar cada pequeno momento. Aprendi a amar a minha família, em primeiro lugar. Aprendi a amar como ama o amor. Aprendi que uma desilusão não me impede de ser feliz. Aprendi que há pessoas à minha volta que me amam de verdade e é com elas que quero ficar. Aprendi a escutar. Aprendi a entender. E aprendi-me. Ensinei a mim mesma quem sou e o valor que tenho. Ensinei a mim mesma a amar. E consegui. Hoje já só penso no dia em que irei ter alguém a meu lado que me vai dar o valor que nunca ninguém foi capaz de dar. Alguém que me ame. Que me faça rir. Que me enerve. Que me irrite. Que discuta. Que tenha paciência comigo. Que me faça cócegas até que eu discuta porque não aguento mais. Que me sorria quando ainda estou longe. Que me ouça e compreenda. Que me perdoe. Que me deixe ser eu. Que me ensine o que ainda não sei sobre o amor. Que me leve a sair. Que me abrace. Oh, porra. Que me abrace muito. E sei que esse alguém vai chegar. E se não for hoje, é amanhã, na próxima semana, no próximo mês, quem sabe no próximo ano. Mas vai ser para mim, aquilo que nunca ninguém foi. E eu? Eu vou amar. Vou amar, rir, chorar, sentir, gostar. Porque mereço. Porque todos à minha volta merecem ver-me assim. Vou ser feliz, novamente.
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