Eu sou feliz.
Quando era mais nova, na escola costumavam pedir-me que fizessem autobiografias, que falasse sobre mim e sobre aquilo que gosto. Nunca gostei de fazer tais coisas. Nunca falava ou escrevia muito sobre mim. Nunca soube ao certo descrever aquilo que sou. Digamos que não venho de uma cidade, não sou de família rica, não tenho a vida perfeita, mas, no fim de contas, eu sou feliz. Ser feliz é o que importa, não é? Em pequena, eu era tão irrequieta que não sei como nunca se fartaram de mim. Em pequena, eu falava pelos cotovelos. Nunca fui o estilo de criança que andava metida em asneiras graves. Já passei por muitas discussões, mas nunca chegou ao ponto de ter de bater na pessoa. Era pequenina, com os meus olhinhos pretos, com os cabelos curtos... Ia à escola. Brincava com os meus amigos e colegas. Fazia os trabalhos de casa. Via televisão. Ajudava o meu pai no campo. Chateava a minha irmã até me cansar. Não largava a minha mãe até ela resmungar comigo. Sempre gostei de ter o meu espaço e fazer o que quisesse dele. A meio da minha infância, mudei de casa e aprendi que por mais que nos distanciemos de algo, isso nunca vai sair das nossas vidas. Aprendi a ser forte. Aprendi a ignorar quem me magoava. Tive de deixar de dar valor a certas coisas e pessoas. Tive de deixar muitas pessoas ao longo da infância e adolescência. Agora, encontro-me a um ano da fase adulta e não podia estar mais orgulhosa de tudo o que tenho e sou. Não podia estar mais orgulhosa da família que tenho. Devo-lhes muito. Não podia estar mais orgulhosa das escolhas que fiz até hoje. Não podia estar mais orgulhosa das pessoas que tenho a meu lado. Tenho sonhos, tenho passatempos, tenho escola, tenho uma vida igual a todas as outras, mas há uma coisa diferente na minha. A minha vida é diferente porque não vivo dependente de ninguém. Não preciso de ninguém para ser feliz. Não preciso que ninguém me diga que tenho qualidades para que eu as veja. Não preciso de ninguém para traçar o meu caminho. Sei o que quero. Sei do que preciso. Sei o que tenho. Nunca fui pessoa de demonstrar muito o que sinto. Demonstro zero, sinto cem. Não sou a rapariga perfeita, mas e daí? Nem Deus é perfeito. Mais um ano e sinto orgulhosa da pessoa em que me tornei, com todos os defeitos e qualidades, com certeza. Venha a Universidade, venha o casamento, venham os filhos, venham os netos, os bisnetos. Venha o que vier, de uma coisa eu tenho a certeza: eu sou feliz.
E falei de mim pela primeira vez hoje, porque hoje... hoje, comemoro o 17º aniversário da minha feliz jornada, que ainda só está a começar.
E falei de mim pela primeira vez hoje, porque hoje... hoje, comemoro o 17º aniversário da minha feliz jornada, que ainda só está a começar.
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